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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Bonequinha desvairada...


- Prepotente!

Era um recado para o parceiro do lado - o Diogo. Rabiscado na folha A4 que colhia os apontamentos da aula. Contabilidade Analítica: Sistemas de Custeio. Nem de propósito! O colega entendeu por bem provocar uma flor, marcando as suas pétalas com desenhinhos... bonequinhas desvairadas! Possivelmente inspiradas pela matéria. 
Pois! O senso comum intuiu, sabe-se lá porquê!, que bonecas, e ainda por cima desvairadas, frequentemente, ou por norma, são obra de largos custos. E há que destrinçar qual o sistema de custeio mais conveniente a adoptar. É! Há um mais apropriado do que outro. Conduz a resultados distintos. Daí que, contabilisticamente falando, não seja indiferente a escolha. O que não será de todo entendível é de que maneira esses custos são classificados... Seja como for, há quem diga que dão muito jeito e, ainda que camuflados, lá figuram nas contas de resultados. Ele há cada coisa! Esta gente sabe e é capaz de tudo para diminuir os lucros... 
A verdade é que, com efeito, mesmo desconsiderando os accionistas, ou os sócios ou até mesmo o investidor individual, há uma entidade suprema inevitável - o Estado - a quem não é nada conveniente apresentar resultados (muito) positivos... a Fiscalidade está sempre de olho! Necessariamente... porque eles comem tudo! Já por isso, rezam os cânones que os impostos são da mais elementar justiça. 
Não obstante, neste jardim à beira-mar plantado, quem concorda com isso? Equidade, utilidade, contrapartida directamente proporcional? Para que vos quero?! Razão pela qual as flores de tal jardim - aquele à beira-mar plantado -  são unânimes em discordar do pressuposto. Dizem que isso é bonito nos livros, mas utopia pura. Parece que a irracionalidade é que é rigorosamente proporcional aos cifrões. Pois!
Mesmo assim, lá temos de comparar o Deve e o Haver e, ao que sobra, aplicar a taxa. Deste modo, a Vida Económica/Boletim do Contribuinte, expedita, não deixou passar a oportunidade de negócio e  juntou-nos na Gonçalo Cristóvão, no intuito de "aprimorarmos" os nossos conhecimentos contabilísticos, via ao Exame de Aptidão para Técnico Oficial de Contas (TOC).  
"Aprimorar"? Grande favor! Orquídea tivera sido colhida, adolescente, num canteiro contabilizado pela primeira via. Rudimentar! Não sendo, propriamente, já a época do "Lovou" e "Trouxe", o Plano Oficial de Contabilidade (POC) ainda demoraria um par de anos a chegar, e ela só o tinha visto "por um canudo"!... Porém não tinha nada a perder e as oportunidades são para serem aproveitadas. Mesmo suspeitando que tinha chegado a hora de coleccionar derrotas, do mesmo modo que, até pouco tempo antes, havia coleccionado vitórias.  
É a vida, e ambas são necessárias. Valorizaremos muito mais o gosto doce das segundas, depois de termos sentido o sabor amargo das primeiras. Para além de que a mudança de ares seria salutar e o alargamento do conhecimento frutífero - não só o contabilístico... Previsivelmente, intervalos e pós-aulas seriam de alegre e são convívio, confraternização, entre-ajuda e, até, intercâmbio de produtos regionais - sempre podíamos trocar Alvarinho por Porto! E, efectivamente, únicos foram os sábados dos últimos meses do ano. Sim, da graça e da glória, de 1988! 
Encontro salutar de faixas etárias idênticas, unidas por interesses profissionais semelhantes e ainda pela utilidade mútua: o conhecimento detalhado da cidade do Porto, pelos "bon-vivants", servia na perfeição à curiosidade das "flores campestres" - a orquídea e a rosa, que entendeu por bem juntar o útil ao agradável. Da sua comparência, ou não, dependia a companhia masculina - individual (Diogo) ou ao par (Jaime e Tiago) e consequente local a visitar.
Dos cafés e pastéis, na Cunha, aos almoços self-service (e não só); da Twins à disco do Brasília (inclusive em dia de Tuna Académica de Coimbra), passando pelo Solar do Vinho do Porto, todos tiveram agenda. 
Houve, até, oportunidade de conhecer o "Sr. Neiva". Aquele com quem "gastava imenso latim", só a fazer encomendas de caixas plásticas (e depois moldes), empenhada como estava em que a matéria-prima, necessária à produção dos amplificadores de antena, fosse servida a preceito. De resto, a linguagem telefónica, mais ou menos rebuscada ou, talvez para ser mais exacta, um pouco elaborada - já lho havia feito notar - havia despertado certa curiosidade, sem a qual o instinto humano não seria a mesma coisa!
No entanto, um encontro fugaz foi suficiente para satisfazer a bisbilhotice. O tempo duma apresentação ligeira, à porta de saída das aulas, e a chegada do Ricardo, amigo e conterrâneo, que aproveitava a boleia, de fim-de-semana, para a terra. Repartia o tempo entre as vidas profissional na Telecom e académica - Direito - na Portucalense, dispersando-se pela "vida artística" (definição própria, dele), conforme podia.  
Aplicado o rapaz, mas o saturday night fever era sagrado e, desta feita, iríamos dançar, claro. Mais para norte, pela conveniência. Em último recurso haveria sempre o Viana Sol ou a Sereia da Gelfa. Já era mania! E obsessão! Banalidade incongruente... às vezes alternada com um leve ar marítimo e de sofisticação vindo do Luzia Mar. Ou do Ah Club, ali onde o rio acaba e o mar começa.
Mas isso foi naquele sábado, o do "Sr. Neiva". Porém,  neste sábado, a "prepotência" abriu caminho para o Solar do Vinho do Porto, bar estatal para a promoção do precioso néctar e de cuja carta de vinhos constam quase 200 vinhos do Porto diferentes, incluindo algumas raridades. Não estando os ditos disponíveis na totalidade, estão, no entanto, todos os produtores aí representados.  
  Sito na Quinta da Macieirinha, perto do Palácio de Cristal. Ambiente calmo e requintado, como convêm quando se quer impressionar os forasteiros com a melhor imagem da sua terra: imponentes jardins e vistas pitorescas sobre o Rio Douro, desde a zona das caves, em Gaia, até à sua Foz no Atlântico. Todavia, como "não há bela sem senão", devido a situação económica deficitária, o espaço está encerrado desde Janeiro de 2012. Para colmatar esta situação anómala e constrangente, fala-se de uma solução envolvendo um protocolo entre a Câmara e o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) que permita utilizar a designação de Vinho do Porto e clarificar regras de apoio ao funcionamento do Solar e, ao mesmo tempo, abrir um concurso de concessão e exploração do espaço a operadores privados, promovendo, assim, a sua reabertura e devolução à cidade, em prol do interesse público.


BC/




        

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