Era Fevereiro, do ano comum de 1989. Orquídea Branca, flor sem tempo, foi transplantada. Após uma década. Mudou de um canteiro exíguo que exalava o cheiro forte, mas delicioso, de resina verde dos pinheiros bravos. De paredes-meias com a engrenagem de motorizadas que já viram tempos, quiçá, de sonho; se decidiram por uns dias de férias antecipadas; ou, simplesmente, chocaram com a realidade do quotidiano. De onde, em datas previstas, se ouviam vozes esbaforidas da corrida, do salto e dos pontapés na bola. Da vista, larga, para um tráfego que fluía, por regra, espaçado, mas constante - daí ser presa fácil para vendedores de Bíblias, serviços de chá, colecções do Astérix e/ou panelas de pressão.
Mudou... Da toca para a gaiola! Sem pressas. Devagar, porque mais importante que a velocidade é a direcção que se toma. E não fazer do hábito um estilo de vida! Andar por outras ruas, mudar de caminho, descobrir novos horizontes, procurar diferentes espaços de convívio, novos relacionamentos, ver as coisas de outras perspectivas, areja, permite outra motivação - um antes esperançoso. Se o depois não for muito encorajador, já valeu o antes. E o antes é eterno. O depois extingue-se na sua (desse antes) concretização, prolongando-se, criando-se outro antes. E outro... E outro... Logo o que releva é a capacidade de reinvenção.
No entanto a direcção estava tomada! Era depois. Mudou no espaço, profissionalmente. Continuavam a não ser largos os horizontes, mas era gratificante a autonomia plena e o invejável livre arbítrio. Compensava dispersando-se por outras áreas também, designadamente a académica. Sempre área de eleição: uma mistura de regozijo, escape, realização, plenitude...
Os laços mais íntimos, esses já haviam mudado, ou antes, de facto tinham sido cortados. Pela raiz! Uma vida que acabou por ser quase de "fado vadio de terror", pautada pela vontade de acordar insecto, com um ferrão comprido, muito comprido e acutilante, foi transformada em "fado vadio", com o carimbo da ansiedade. Mas calma! Ainda que, como sempre, com emoções filtradas, permitiu-se voltar a sonhar. Pelo menos, asas abertas, voava... voava... suprema satisfação! Recuperara uma vontade férrea de viver. Sempre encarou "o começar de novo" não como uma barreira, mas como um desafio a vencer. Uma meta a atingir!
Mudou... Da toca para a gaiola! Sem pressas. Devagar, porque mais importante que a velocidade é a direcção que se toma. E não fazer do hábito um estilo de vida! Andar por outras ruas, mudar de caminho, descobrir novos horizontes, procurar diferentes espaços de convívio, novos relacionamentos, ver as coisas de outras perspectivas, areja, permite outra motivação - um antes esperançoso. Se o depois não for muito encorajador, já valeu o antes. E o antes é eterno. O depois extingue-se na sua (desse antes) concretização, prolongando-se, criando-se outro antes. E outro... E outro... Logo o que releva é a capacidade de reinvenção.
No entanto a direcção estava tomada! Era depois. Mudou no espaço, profissionalmente. Continuavam a não ser largos os horizontes, mas era gratificante a autonomia plena e o invejável livre arbítrio. Compensava dispersando-se por outras áreas também, designadamente a académica. Sempre área de eleição: uma mistura de regozijo, escape, realização, plenitude...
Os laços mais íntimos, esses já haviam mudado, ou antes, de facto tinham sido cortados. Pela raiz! Uma vida que acabou por ser quase de "fado vadio de terror", pautada pela vontade de acordar insecto, com um ferrão comprido, muito comprido e acutilante, foi transformada em "fado vadio", com o carimbo da ansiedade. Mas calma! Ainda que, como sempre, com emoções filtradas, permitiu-se voltar a sonhar. Pelo menos, asas abertas, voava... voava... suprema satisfação! Recuperara uma vontade férrea de viver. Sempre encarou "o começar de novo" não como uma barreira, mas como um desafio a vencer. Uma meta a atingir!
BC/